segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mães Famosas: "Amor de mãe é um privilégio que nos transforma para melhor"

Angélica: "Amor de mãe é um privilégio que nos transforma para melhor"

Eu quis ser mãe para pôr a mão na massa. Tenho duas babás, e sem elas seria impossível trabalhar como eu trabalho e fazer dois programas (o diário VIDEO GAME, quadro do VIDEO SHOW, e ESTRELAS, aos sábados). Mas quando estou em casa é comum que elas fiquem sem fazer nada. Sinto prazer em alimentar meus filhos, troco fraldas, e as noites são minhas se alguém adoece. Recentemente, durante uma viagem de trabalho, Benício teve 39 de febre, reação a uma vacina. Passei a noite com ele e no dia seguinte fui gravar. Exausta, mas eu tive filhos para cuidar deles. Eu sabia que seria assim e estava preparada para isso.

A maternidade mudou minha vida para muito melhor. Para começar, fiquei menos ansiosa. Afinal, quando temos filhos, não é possível controlar tudo mesmo. Sou sagitariana, e meu dia-a-dia sempre foi meio bagunçado. Acontece que crianças precisam de rotina, e elas me ajudaram a ordenar minha vida – e a delas. Abri mão de muitas coisas, sempre mantendo o bom humor: não adianta ficar xingando. Até porque saí ganhando: pratico um exercício de amor e de compreensão 24 horas por dia. Mas o amor também é cheio de sentimentos conflitantes: ao mesmo tempo que quero apertar e beijar, preciso ralhar; quero estar com eles e também dormir meia horinha a mais, falar ao telefone...

Isso tudo gera, claro, muita cobrança por não estar com os filhos o tempo todo. Vou me cobrar a vida inteira. Ser mãe é se culpar, mas também trabalhar essa culpa, porque a gente faz o melhor que pode, e essa certeza conforta. Sigo minha intuição e vou tentando acertar, mas tudo é feito com muita intensidade entre mãe e filho, e nem sempre acerto. O que me mantém firme é saber que busco o meu melhor, e a cada dia me sinto mais madura para dar conta da responsabilidade imensa que é cuidar dessas duas pessoas.

A maternidade também me fez entender minha mãe. Ainda hoje, eu com 35 anos, ela liga quando estou resfriada para saber se dormi bem ou se não estou trabalhando muito. É como se ainda houvesse um cordão umbilical imaginário entre nós – e sinto o mesmo em relação aos meus filhos. Mal saio de perto deles, já ligo para saber se estão bem. Não consigo mais desligar. Nos tornamos outras pessoas porque temos esse privilégio do amor de mãe, algo que os homens nunca vão sentir nem entender. A gente leva essa enorme vantagem sobre os pais dos nossos filhos.

Conviver com as crianças é profundamente estimulante. São filhos do mesmo pai e da mesma mãe, criados sob os mesmos valores, mas não poderiam ser mais diferentes. É maravilhoso observar essas diferenças e aprender a lidar com elas. O Joaquim fez 4 anos, mas é um senhor: tem vários anos mais. É zen completo, sensível, não gosta de barulho. Com ele, conseguese tudo na base da argumentação. Já o Benício, de 1 ano e meio, é ligado na tomada, um menino atômico. Entra falando alto, gosta de funk, de bagunça. Às vezes chego intempestiva para conversar com o Joaquim e não consigo nada. Aí me toco: opa, sintonia errada – esse é o filho tranquilo. De uns tempos para cá, eu me pego trocando o nome dos meninos, exatamente como minha mãe fazia quando minha irmã, Márcia, e eu éramos pequenas – e me irritava tanto. Hoje olho para isso com condescendência: é coisa de mãe, e tudo bem. Ainda que o Joaquim me corrija imediatamente com aquele jeitinho sério dele.

A rotina com meus filhos é deliciosa, mas também megacansativa. Já não tenho muito tempo para mim mesma. Mantenho a drenagem linfática regular, uma massagem de vez em quando, mas é o máximo que consigo. Malho muito menos, saio menos e aproveito cada minuto para ficar com eles. Nas minhas viagens de trabalho, a não ser as rápidas e para perto, os dois vão sempre comigo. Agora, o Joaquim está na escola, e a gente participa muito. Luciano leva todo dia, às 7 e meia da manhã, e eu costumo buscar. Tenho sempre um monte de coisas para fazer, mas entro na escola, fico sentada olhando meu filho brincar, e é um prazer. Se tem reunião, nos revezamos.

Viajar é a forma de recarregar baterias para nós. As crianças vão crescendo, têm as próprias agendas – Joaquim, com os amigos da escolinha, Benício ainda está na fase das consultas e vacinas –, e Luciano e eu temos as nossas. De vez em quando dá para conciliar tudo e embarcar para algum lugar. Nesses momentos, como estamos disponíveis o tempo todo, as crianças relaxam e descansam, e nós também. Algumas amigas têm um filho só e, quando estou com elas, lembro de quando era só o Joaquim. Tudo muito mais fácil... Hoje, com o Benício, acho que quem tem dois tem mais! E é muito melhor.

Fonte: Claudia Turma da Angélica

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